3º Domingo da Páscoa

"Temos junto do Pai um Defensor: Jesus Cristo, o Justo" (1 Jo 2,1).

“A ressurreição de Jesus é a verdade culminante de nossa fé em Cristo, crida e vivida como verdade central pela primeira comunidade cristã, transmitida como fundamental pela Tradição, estabelecida pelos documentos do Novo Testamento, pregada, juntamente com a cruz, como parte essencial do mistério pascal” (CIgC, 638). A nossa fé é a ressurreição de Cristo. Este evento originou o cristianismo e abriu caminho para a história da fé cristã.

Não se pode provar pela ciência a ressurreição de Jesus Cristo, nem negar. Acolhemos o que vem da Tradição: o primeiro dia da semana, o túmulo vazio e as aparições. Com relação às aparições, elas são narradas nos evangelhos e nos escritos dos apóstolos inúmeras vezes. É impossível que tanta gente tenha se equivocado ou inventado essa realidade.

Os discípulos foram atingidos pelo escândalo da cruz e não conseguiam perceber no Senhor crucificado a manifestação da glória e do amor de Deus Pai. Foi o fim da esperança. Com a realidade do primeiro dia da semana, do túmulo vazio e das aparições, as dúvidas foram superadas, a alegria retornou e a fé se fortaleceu. Eles puderam ver o mesmo crucificado glorioso, caminhando com eles, tomando refeição, explicando as Escrituras. Quando reconheceram pelos sinais exteriores que Jesus estava vivo, este desapareceu. Houve uma educação para a presença interior de Jesus ressuscitado, que vem da fé.

O apóstolo Paulo recorda aos cristãos de Corinto o ensinamento que recebeu da Igreja: “Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e, ao terceiro dia, foi ressuscitado, segundo as Escrituras” (1 Cor 15,3-4).

Acolhemos o anúncio dos nossos pais e mães da fé: Jesus Cristo sofreu e ressuscitou dos mortos ao terceiro dia, e “no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sereis testemunhas de tudo isso” (Lc 24,46.47-48).

No tempo da Páscoa, Jesus quer abrir a nossa mente para entendermos as Escrituras (Lc 24,45) e nos educar para acolher a sua presença no interior, em nosso coração, que nunca se esgota.

Apesar de serem temas mais fortes na Quaresma, a Palavra continua exortando sobre o arrependimento, a conversão e o perdão dos pecados (At 3,13-15.17-19). A razão é o Cristo ressuscitado, nosso defensor, a vítima de expiação pelos nossos pecados (1 Jo 2,1-5). 

O cristão vive à luz da Páscoa, na graça de Deus, cumprindo os seus mandamentos. A moral pascal é caminhar segundo o Espírito, caminhar na vida nova, na obediência que gera e torna fecundo o amor.

Quem acredita no Senhor ressuscitado prossegue no seu caminho, mesmo dentro da noite escura da vida: sua fé é a luz que ilumina as trevas. A fé nos leva a acreditar no amor de Deus e na sua infinita misericórdia: no seu Filho morto e ressuscitado, que derrotou o mal e o pecado, abrindo-nos à vida eterna.

Quem está em Cristo é portador da alegria da Páscoa, da paz, do perdão e da esperança. O Espírito que deu a vida ao corpo ressuscitado do Senhor Jesus dá a vida à Igreja e aos seus fiéis. Ele nos faz experimentar a força da ressurreição.

Dom Paulo Roberto Beloto,
Bispo Diocesano.