Dia do Nascituro

Por Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano

Encerrando a Semana Nacional da Vida, a Igreja católica no Brasil lembra o Dia do Nascituro, em 8 de outubro. A nomenclatura tem origem do latim “nascituru”, aquele que há de nascer. A data celebra o direito à proteção da dignidade da vida humana, que tem um valor inviolável. O nascituro deve ser protegido na sua vida, na sua saúde, alimentação, no respeito e ter um nascimento sadio. A Igreja promove ações de conscientização e de defesa da vida humana no ventre materno, lembrando que todos foram ou serão um dia um nascituro. Neste ano de 2023, o tema abordado é a adoção.  

Estamos em meio a um julgamento polêmico em nosso país, e que merece discernimento sério, justo e digno, de uma ação que questiona a criminalização do aborto em até 12 semanas, no Supremo Tribunal Federal. Se a vida humana, em seu momento mais tenro, sublime e indefeso, está sob a mira de quem mais deveria guardá-la e protegê-la, que valor ela tem? Infelizmente, a vida está condicionada à segurança, ao bem-estar e aos interesses econômicos de terceiros, a realidade comprova esta tragédia humana.

A Igreja católica é a favor da vida, desde a sua concepção até à morte natural. Somos criados à imagem e semelhança de Deus, queridos e amados por Ele. A vida é a nossa grande vocação. A existência é bela e deve ser assumida com intensidade, sabedoria e responsabilidade. Temos inteligência, valores, dons e capacidade de construir, decidir o que vamos ser e seguir metas claras, de fazer escolhas, de tomar decisões e dar sentido às coisas.

O aborto constitui a eliminação da vida humana e não pode ser legitimado pela Lei. Não se pode tornar um lugar seguro, de proteção e aconchego, que é o ventre materno, em um lugar perigoso para se viver. Não é somente a vida do nascituro que está em questão, mas a vida humana, especialmente em sua condição de fragilidade e inutilidade para a sociedade.

Uma das grandes responsabilidades da família cristã na sociedade atual é a defesa da vida, ela é “santuário da vida” (EV, 11). É missão dos pais, da Igreja, das instituições e da sociedade defenderem a vida e oferecerem condições de uma gestação e parto seguros, educação das crianças e adolescentes sobre os valores: da criação, da dignidade humana, da justiça, do amor de Deus, da união, do diálogo, da tolerância e do perdão.

Somos a favor da cultura da vida, seguindo nosso Senhor que disse: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10,10).