4º Domingo da Páscoa

Jesus é o bom, o divino pastor que conhece, identifica-se com as ovelhas, protege-as e lhes dá a vida eterna.

O evangelista João utiliza vários exemplos e imagens para nos falar de Jesus: ele é o lógos-verbo, a palavra que se fez carne (cf. Jo 1,14), o Cordeiro de Deus que tira o pecado mundo (cf. Jo 1,29.36), o novo santuário (cf. Jo 2,21), a água viva (cf. Jo 4,14; 7,37.38), o pão da vida, o pão vivo que desceu do céu (cf. Jo 6,34.51, a luz do mundo (cf. Jo 1,9; 8,12; 9,5; 12,35.46), a porta das ovelhas (cf. Jo 10,7.9), a ressurreição e a vida (cf. Jo 11,25), o grão de trigo (cf. Jo 12,24) , o caminho, a verdade e a vida (cf. Jo 14,6), a videira verdadeira (cf. Jo 15,1.5). O 4º Domingo da Páscoa traz a imagem do bom pastor (Jo 10,27-30).

Numa realidade pastoril e nômade, a imagem do pastor é familiar e muito conhecida, desde o Antigo Testamento. Era aplicada a Deus, ao pai, ao rei, ao chefe, ao líder e sacerdote. O pastor, de fato, tinha uma relação afetuosa com as ovelhas. Conhecia cada uma, chamava-a pelo nome, protegia e tratava do rebanho com carinho. Quem exercia uma autoridade deveria agir como o pastor de ovelhas.

Jesus é o bom, o divino pastor que conhece, identifica-se com as ovelhas, protege-as e lhes dá a vida eterna. Elas escutam a sua voz e o seguem e jamais se perderão. É a comunhão profunda com o Pai que dá a Jesus a autoridade sobre o rebanho: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10,30). Ele veio fazer a vontade do Pai.

Quando Jesus utiliza a imagem do pastor, afirma que algo sagrado deve ser preservado, que é o rebanho. A vida daqueles que são obra de Deus deve ser protegida de mercenários. Somos preciosos aos seus olhos, e cada vida encerra em si um valor bendito e sagrado. Somos queridos, desejados e amados por Deus desde o princípio da nossa existência. Ele nos dá o que tem de melhor: o seu amor, o perdão, a proteção espiritual, a segurança, sua vida e salvação. Com Jesus, jamais nos perderemos.

Da parte do rebanho, é necessário conhecer o pastor, escutar a sua voz e segui-lo no caminho certo e seguro. Só no Senhor, bom pastor, encontramos a vida e a segurança. Só nele, podemos também ser sinais e instrumentos de bondade, escuta, cuidado, amor, fraternidade e perdão.

A Igreja se inspirou na imagem do “bom pastor”, quando se refere às suas atividades, utilizando a palavra “pastoral”, como cuidado, zelo, responsabilidade e carinho que ela deve ter na sua missão. Pastoral é um conjunto de ações pelas quais o Evangelho se torna Boa Nova para as pessoas, é o anúncio do Reino e do amor do Pai, revelados e vividos por Jesus. Essa é a razão de ser da Igreja, a sua vocação e identidade: continuar com firmeza, coragem e fidelidade a obra de evangelização iniciada por Jesus e continuada pelos apóstolos. Seu nome deve ser anunciado, pois é o único que salva, mesmo que isso acarrete problemas, desafios e perseguições (At 13,14.43-52). Esta é a ordem do Senhor, testemunhada por Paulo: “Eu te coloquei como luz para as nações, para que leves a salvação até os confins da terra” (At 13,47), e que a Igreja deve ser fiel.

Em Ap 7,9.14b-17 João tem a visão de “uma multidão de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas, e que ninguém podia contar”. Estavam vestidos de branco com palmas na mão, diante do trono e do Cordeiro, prestando-lhes culto. São os que vieram da “grande tribulação”, “lavaram e alvejaram suas roupas no sangue do Cordeiro”; são os santos, a Igreja triunfante. Deus estende sobre eles a sua tenda, protege-os e os alimenta, e enxuga as suas lágrimas.

Rezamos no 4º Domingo da Páscoa pelas vocações, uma dimensão essencial para a vida da Igreja e sua ação evangelizadora. A oração é uma condição básica para um bom resultado vocacional. Ela dispõe a pessoa, sua vida, sua vontade, a receber humildemente a graça divina e a distribuir seus dons. As verdadeiras vocações surgem alicerçadas numa profunda experiência de Deus. A oração pelas vocações encontra sua máxima expressão na Eucaristia.

Rezamos por uma vocação sublime: ser mãe.

Dom Paulo Roberto Beloto,

Bispo Diocesano.