Santíssima Trindade
A Santíssima Trindade é o “mistério central da fé e da vida cristã". É, portanto, a fonte de todos os outros mistérios da fé, é a luz que os ilumina” (CIgC, 234).
Todo o cristianismo leva a marca da Trindade: por mandado e autoridade de Jesus, fomos batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (cf. Mt 28,19); iniciamos e encerramos as nossas celebrações e orações em nome da Trindade Santa; glorificamos a Deus Pai e ao Cordeiro, com o Espírito Santo; cremos em um só Deus, Pai todo-poderoso... em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus... e no Espírito Santo, Senhor que dá a vida.
A Missa, oração das orações, tem uma fundamentação trinitária: estabelecemos um diálogo entre nós e o Pai, feito por meio de Jesus Cristo, à luz e com a força do Espírito Santo. O cânon é uma oração dirigida ao Pai, por meio de Cristo no Espírito Santo. E encerramos a Oração Eucarística, rendendo honra e glória a Deus Pai, por Cristo, na unidade do Espírito Santo. Os demais sacramentos têm a marca da Trindade. É o mistério cristão por excelência.
Quem revelou a Trindade Santa foi Jesus. Ele nos ensinou a chamar a Deus de Pai, Abbá. “Podemos invocar a Deus como ‘Pai’, porque Ele nos foi revelado por seu Filho, feito homem, e porque seu Espírito nos leva a conhecê-lo” (CIgC, 2780). O Deus revelado por Jesus é a Trindade, a “plena verdade”, que o Espírito nos conduz (Jo 16,13), porque é amor. Um amor que vem até nós, derramado em nossos corações, segundo o Paulo (cf. Rm 5,5). Na mesma carta, o apóstolo afirma que “Deus é por nós” (Rm 8,31). Ele é por nós como Pai, dando-nos a vida e os bens da criação, sustentando a nossa existência; Deus é por nós como Filho, salvando-nos e nos reconciliando, revelando o seu amor, indicando o caminho da santidade e nos tornando participantes da sua natureza; é por nós como Espírito Santo, habitando em nossa alma, concedendo-nos dons para os serviços na Igreja e para a nossa santificação. Por isso, nada nos poderá “separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8,39).
Nenhum bem podemos encontrar fora de Deus, diz o salmista (Sl 16,1). Ele é a verdadeira sabedoria que se alegra “em estar com os filhos dos homens” (Pr 8,31). Quem o encontrou, não precisa mais procurar um sentido para viver, porque nele realiza o sentido profundo da sua vida. Por isso, procurar a Deus não é sinal de fraqueza humana, mas expressão de inteligência. Só a obediência a ele e a amizade com ele são capazes de dar sentido à nossa existência e nos ajudar a ordenar tudo para o amor.
O nosso coração foi feito para estar em sintonia com a Trindade Santa, pois não vivemos sem o amor do Pai que nos criou, que integra a nossa vida e dá sentido à nossa existência; sem a graça de Jesus Cristo que nos cura e nos redime de todo o mal e nos salva; sem a comunhão com o Espírito Santo que habita em cada um de nós, santifica e nos fortalece para a missão. Quando celebramos a comunhão com a Trindade somos contagiados pelo amor sem medidas do Pai, pela solidariedade do Filho e pela unção do Espírito. É uma presença divina que perdura para sempre (cf. Mt 28,20).
A Trindade é uma perfeita comunhão de amor. Quando entramos em diálogo com as pessoas divinas, somos também chamados a viver entre nós essa mesma experiência.
A vida cristã acontece na Igreja, lugar da identidade cristã, lugar da celebração da fé e do encontro e serviço, lugar da amizade fraterna. Na Igreja louvamos a Trindade Santa e admiramos a sua grandeza: “Ó Senhor nosso Deus, como é grande vosso nome por todo o universo!”
Dom Paulo Roberto Beloto,
Bispo Diocesano.