21º Domingo do Tempo Comum – Ano A

Reflexāo da Liturgia Dominical

Duas afirmações marcam o Evangelho deste domingo. Uma, de Pedro: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” (Mt 16,16), respondeu o mesmo, quando Jesus quis saber deles quem ele era. Essa resposta é uma profissão de fé. Messias, em hebraico e aramaico, significa ungido, traduzido ao grego, Cristo.  No antigo Israel havia o costume de se ungir os reis, sacerdotes e até os profetas, como consagrados para uma missão divina. Jesus é o Messias, o ungido pelo Espírito, o consagrado de Deus. A sua consagração messiânica “manifesta sua missão divina” (CIgC, 438). Pedro, por uma inspiração divina (Mt 16,17), proclamou que Jesus de Nazaré é aquele que Israel esperava. É um título que na verdade Jesus pouco utilizou, pois havia confusão de identificá-lo como rei ungido. Ele preferia o título Filho do Homem. Filho de Deus vem em decorrência da unção divina: “o nome Filho de Deus significa a relação única e eterna de Jesus Cristo com Deus, seu Pai: Ele é o filho único do Pai e o próprio Deus” (CIgC, 454).

Pedro foi muito além das imagens limitadas que as pessoas tinham de Jesus. A sua profissão de fé gerou a bem-aventurança, pois está de acordo com o projeto de Deus. Confessar Jesus como o Cristo, o Filho de Deus, é tê-lo como centro da vida, como Senhor e Salvador. “Crer que Jesus Cristo é o Filho de Deus é necessário para ser cristão” (Idem, 454). 

Quando confessamos Jesus como Messias, o Filho de Deus, nosso Senhor e Salvador, estamos colocando-o como centro de nossa vida: Ele decide e governa a nossa existência, dirige as nossas decisões, desejos e vontades. É o Senhor do nosso coração. Quem professa Jesus como o Messias, vive a vontade do Pai, orienta-se pelos valores do Evangelho, utiliza os critérios de Jesus. “Não sou mais eu que vivo, mas Cristo que vive em mim” (Gl 2,20), dizia o apóstolo Paulo.

Viver para o Senhor é viver para aquele que morreu por nós, que ofereceu a sua vida para nos salvar. Viver para o Senhor é encontrar um tesouro, a verdadeira alegria e felicidade. Só Ele tem “palavras de vida eterna” (Jo 6,68). Escolher a Jesus proporciona alegria e certeza de felicidade, mas com desafios e cruz. Por isso, somos tentados a olhar para trás, a buscar outros amores. Mas Deus não quer amores desordenados, não tolera dividir o nosso coração com apegos. Precisamos cultivar a nossa amizade com Jesus, através da leitura atenta, fiel e orante da Palavra, da oração pessoal e comunitária, das celebrações dos sacramentos, da prática da piedade e da caridade. 

“Tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja” (Mt 16,18). Jesus confiou a Pedro um encargo pastoral, o seu papel fundamental na constituição da Igreja. Ele é a pedra, a base principal. Recebeu de Jesus o poder de ligar e desligar. Tem a chave do coração compassivo de Jesus para que os pecadores possam acolher a sua misericórdia.

A missão de Pedro e seus sucessores é a de conservar a fé e dar testemunho de que a salvação provém de Deus. Pedro deve ser fonte de união da comunidade cristã. Devemos ouvi-lo como sinal da manifestação da vontade de Deus e reconhecimento da sua presença. Quem ama a Pedro e o compreende como dom do Senhor, ama a Igreja, ama a Jesus Cristo e seu povo.

Paulo louva a Deus pelo seu amor e misericórdia. É um amor que supera os limites humanos, que salva. Tudo é de Deus, por ele e para ele (Rm 11,33-36).

Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.