30º Domingo do Tempo Comum – Ano A

Reflexão da Liturgia Dominical

“Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento... Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”. Respondendo à pergunta de um dos fariseus, sobre o maior dos mandamentos, Jesus cita duas passagens do Antigo Testamento: Dt 6,5 e Lv 19,18, e sintetiza tudo no mandamento do amor, primeiramente a Deus e a seguir, ao próximo. “Toda a Lei e os profetas dependem desses dois mandamentos” (Mt 22,34-40). O Mestre ensina que a relação com Deus e com os irmãos não se opõe nem se separa, e tem o amor como motor, amor teologal, sendo Deus o ponto de partida e a sua essência: “Deus é amor, quem permanece no amor, permanece em Deus, e Deus permanece nele” (1 Jo 4,16).  Quem ama assim responde à sua vontade, assume a sua vocação fundamental. Só o amor conta.

Antes de exortar que devemos amar a Deus, a Bíblia nos revela que Ele nos amou gratuitamente, como Criador, dando-nos a vida e a dignidade da sua imagem e semelhança (Gn 1,26.27); como Filho redentor (Rm 3,24); e como Espírito santificador (Rm 5,5).

É esse amor que os santos descobriram, como sentido da vida, motivo e a razão do nosso peregrinar, como uma Santa Teresinha, que só queria viver e morrer de amor, pois só ele conta. De fato, é do amor de Deus que vivemos e é para esse amor que vivemos, e assim realizamo-nos.

Mas não é fácil amar. Alguns entraves dificultam a prática do amor. Por exemplo: a imagem errada de Deus. Temos a plena certeza e a convicção de que Ele nos ama, e que o seu amor é maior do que as nossas misérias? Buscamos o Senhor porque confiamos na sua graça, reconhecemos a sua bondade, amor e grandeza, ou por medo do seu castigo? Também dificulta a vivência do amor a falta da consciência da presença de Deus e da sua verdade. O ser humano rebela-se contra o Criador, ignorando a sua existência, pior, quer ser como ele, coloca-se no seu lugar, rompe a comunhão. E, no abuso desta liberdade, já não consegue se indignar diante do desamor. Durante a nossa existência armazenamos coisas boas em nosso interior, que contribuem para uma vida equilibrada e santa, mas também trazemos experiências traumáticas e negativas que provocaram feridas, envenenando nossas emoções e determinando o nosso comportamento, impedindo a prática do amor. Uma realidade econômica e social injusta e desordenada é um inimigo para o amor.

Como superar esses entraves? Acolhendo a grandeza de nossa vida, com intensidade, discernimento, sabedoria e responsabilidade. Buscando os meios possíveis que contribuem para esse caminho. Sobretudo, para nós, cristãos, acreditando que Deus nos ama, e é este amor que nos salva e que nos faz ser gente, que dá sentido à nossa história e a nossa missão. O amor é ação de Deus e esforço humano. Contando com sua graça, não desistindo da verdade e da justiça, o ser humano pode orientar a sua vida e as coisas segundo o Espírito, para o amor e a prática do bem.

O alimento para a prática do mandamento do amor deve ser buscado na oração, na escuta da Palavra de Deus, na Eucaristia e na Confissão.

Êxodo 22,20-26 faz um apelo: amar e ser justo com os mais vulneráveis, na época, o estrangeiro, a viúva, o órfão e o pobre. Deus se identifica com eles.

Paulo expressa sua gratidão pelo testemunho de perseverança e fidelidade da comunidade. Estimula os seus membros a continuar firmes e fervorosos na fé, a imitar o Senhor e a entregar-se ao serviço de Deus e evitar o mal (1 Tes 1,5-10).

Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano.